O Centro Nacional de Primatas (CENP) vinculado ao Instituto Evandro Chagas (IEC) que atua nas áreas de conservação, reprodução e pesquisa de primatas não humanos, está desenvolvendo um projeto permanente que visa a complementação alimentar através de larvas de insetos. O setor desta pesquisa é o Insetário, que foi inaugurado no final da década de 80 pelo Médico Veterinário José Augusto Muniz, diretor do CENP na época o Servidor Paulo Castro, ainda acadêmico de Medicina Veterinária, que iniciou e trouxe as primeiras matrizes de colônias de besouros, grilos e baratas.
Hoje a nova equipe de trabalho é formada pelo biológo Bércio Feio Pamplona, e o entomólogo Dr. José Moacir Ferreira Ribeiro especialista em insetos, que irão expandir e consolidar a criação de Zophobas morio já existente no CENP e ainda em parceria com o Médico veterinário Paulo Castro, estudam a complementação alimentar dos primatas não humanos do Centro Nacional de Primatas. A pesquisa tem objetivo de enriquecimento de gorduras e proteínas na alimentação de primatas não humanos, além de estimular aspectos comportamentais que não estão presentes no ambiente em cativeiro das espécies Caiarara, Mico Leão da Cara Dourada, Caxiu Marrom, Zogue Zogue, Sauim, Sagui branco, Macaco de cheiro que possuem em seu diversificado hábito alimentar a característica de comer larvas de insetos.
Este estudo consiste em uma espécie de sequência de um relógio biológico, estabelecido através da criação de colônias de insetos (Adultos e Larvas), mantidos com a mesma ração dos primatas. De 15 em 15 dias são feitas peneiragem para separa ovos e larvas, em seguida as larvas são acondicionadas em basquetas separadas com farelo de trigo e refugo de fruta (abacaxi) e que depois de 15 dias podem ser ofertadas aos primatas não humanos. A espécie escolhida para este estudo foi o besouro da ordem Coleoptera, Família Tenebrionidae e espécie Z. morio, por ser facilmente encontrado (cosmopolita), por suas larvas serem frequentemente usadas em testes de laboratórios, por terem quatro fases de desenvolvimento (ovo-larva-pupa-adulto) e por sua fase larval possuir uma rica fonte proteica servindo de alimento para diversos vertebrados (peixes-répteis-aves-mamíferos).
Outro dado importante desta pesquisa é saber se as larvas de Z. morio irão completar os estágios de desenvolvimento até adulto diante da disponibilidade de algumas dietas e, se as mesmas são boas fontes nutritivas para o desenvolvimento desta espécie. “O estudo pode prever qual das dietas será mais eficiente para termos um inseto adulto mais reprodutivo e competitivo”, diz o Dr. Moacir Ribeiro. O Centro Nacional de Primatas, neste sentido, mais uma vez, inova na pesquisa científica, quando busca entender a melhor forma de manejar aspectos da alimentação das espécies de macacos em cativeiro com base no fornecimento de mais proteínas através da oferta adicional de Z. morio na dieta desses animais.